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domingo, 26 de setembro de 2010

JORGE RODRIGUES GERADA E SUAS INTERFERÊNCIAS ARTÍSTICAS

Jorge Rodrigues Gerada  é conhecido como um dos fundadores mais habilidosos e criativos de ''culture jamming'', a prática de parodiar anúncios e fazer interferências (sequestrar) outdoors, alterando drasticamente as suas mensagens. Ele é um um artista de origem cubana que  cresceu em Nova York (EUA), que faz desenhos  realistas com tom efêmero em fachadas de prédios ou edificações. A mais recente manifestação artística dele é a série chamada '' Identidade'', que começou na Espanha em 2002.  São retratos gigantescos feitos com carvão de pessoas anônimas. Ele cria desenhos gigantescos em muros e edifícios, em cidades diferentes que serão apagados com o tempo. Diferente do grafitti, as imagens representam um evento performático. Elas são guardadas pela memória coletiva e desaparecerão rapidamente. A mistura do carvão vegetal e da superfície da parede com o vento , a chuva ou a repentina destruição da parede é em última análise, a parte mais importante do processo.  Jorge Gerada cria  num espaço público um desenho (portrait) de alguém que ele escolhe que more naquela cidade, criando uma identidade, um registro e uma  memória que se apagará.  Seu trabalho tem um cunho social. A idéia  é mostrar que todos nós deveríamos ser vistos com dignidade. Para ele o importante é a marca que deixamos como indivíduo, ou seja, nossa identidade deve vir de dentro e  não das marcas que vestimos  impostas pelo consumismo em massa. Para ele nos devemos  questionar quem escolhe os nossos ícones culturais e modelos, nossos valores e nossa estética. ''Eu quero ensinar que o  importante é a nossa vida , o impacto sobre o ambiente de cada pessoa, a vida heróica de milhares de trabalhadores que nunca serão atores famosos, nem celebridades, nem nada. É bom fazer um esforço para uma pessoa comun, como se seu retrato pudesse se tornar um ícone por um tempo". O uso  do carvão vegetal para criar seus imensos desenhos (portraits) neste caso, é escolhido especificamente como uma metáfora para a efemeridade e a fragilidade da identidade. Depois de dias de trabalho o carvão desbota com o tempo, voltando lentamente o local ao seu estado original. O ícone desaparece deixando apenas uma memória.






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