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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A ARTE DA TRANSFORMAÇÃO DO CORPO POR LEIGH BOWERY

Através de meu amigo brasileiro Victor Ferreira que vive há mais de 20 anos na Holanda, tive contato com a obra de Leigh Bowery(1961-1994). Bowery, tem um trabalho que transgrediu conceitos e se faz presente na arte contemporânea.
Bowery foi um visionário e introduziu sua linguagem plástica para  o mundo moderno.
Performer de estilo, ele tinha um diálogo artístico que expressava o  ''ser e não ser'', e fazia perfomances  que revolucionaram a estética e um pensamento sobre o corpo e a forma humana. Usando design, moda, pintura, escultura,  fetiche, androginia, teatro burlesco, vídeo, música e  fotografia, ele foi um dos artistas multimídias mais completos da geração dos anos 80 até 90.
Leigh Bowery era questionador e criava figurinos, sendo um exemplo de como podemos transformar o nosso corpo através do vestuário e de como podemos modificar e recriar uma peça de roupa de infinitas maneiras.  Ele tinha uma ironia e uma seriedade no seu trabalho artístico e fazia provocação de seu corpo masculino com a forma feminina.
Leigh Bowery sabia usar da imagem como ícone de comportamento. Ele deformava, esticava ou dobrava partes do seu corpo e do vestuário em busca de formas novas e incomuns.  Ele chegava a grudar fitas em seu corpo  fazendo dobraduras na pele, criando novas formas. Ou mesmo aplicando enchimentos no corpo e revestido-os com tecidos  elásticos e coberturas, criando formas quase que alienígenas, bizarras e teatrais. Os seus visuais distorcidos através de associações surreais de formas, cortes, cores, proporções e as composições entre o convencional e a improvisação, arquitetura e animismo, são um bom exemplo das suas múltiplas intervenções.
Bowery nasceu em Sunshine, Austrália  e depois de passar por diversas escolas, inclusive de música, matriculou-se no Royal Melbourne Institut of Tecnology, onde se especializou em Design. Fixou residência em Londres e vivia transitando seu trabalho  pela Europa e  Nova York.
Foi presença marcante dos anos 80, designer de moda, promovia a noite londrina com festas, foi proprietário do  famoso clube noturno chamado  Taboo.  Artista performático e cantor, foi o criador da banda punk-retrô Minty e modelo do pintor Lucien Freud.
Bowery conheceu os cineastas John Maybury e Cerith Van Evans nos anos que foi dono do clube Taboo e logo começou a aparecer nos filmes da dupla. Participou também de uma mostra de Arte Alternativa em Piccadilly Circus. Expôs seu corpo gordo e voluptuoso na Tate Gallery. A arte de Bowery foi comparada à estética cinematográfica dos anos 70 (como em “Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick).
Seu trabalho está  no documentário  “The Legend Of Leigh Bowery”, de Charles Atlas,  que vem acompanhado de um pequeno portfólio em vídeo e uma pequena biografia.
O musical da Broadway “Taboo!”, foi baseado na história do clube que mudou a referência  da música e das artes plásticas em cidades  do mundo ,como Londres e New York, trazendo a cena underground para nossa cultura em massa. Boy George e Julian Clary, com acesso direto ao espólio do artista, se revezaram no papel de Bowery usando um grande número de vestimentas e acessórios produzidos especialmente para as performances. Duas biografias recentes, escritas por Sue Tilley e Robert Violette, prestam justa homenagem a um dos  mais importante artistas pop do século XX.
Ele constitui forte influência no trabalho de designers como Alexander Mcqueen, Viviene Westwood, John Galliano, do fotógrafo David Lachapelle e outros. Neste panorama ainda hoje se sente fortes reflexos da sua influência através de alguns nomes, como a  banda Scissor Sisters, Antony and the Johnsons, Marilyn Manson  e Lady Gaga. Se voce olhar com atenção verá que as criações dele  tem um senso de ficção e são atemporais. Ele dizia que o mais importante era mostrar seu trabalho de maneira feliz e conseguiu marcar história.









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