art planet- urban culture: A arte do ''self-portrait '' e dos ''portraits modernos''

Desde a antiguidade vários artistas faziam pinturas de si mesmo, de suas famílias, seus amigos e muitas vezes usavam modelos retratando-os. A primeira câmera fotográfica foi oficialmente

desenvolvida em 1826 por Joseph Nicéphore Niépce, um francês que passou anos pesquisando as formas de fazer registros precisos através das imagens. O aparelho possuía um sistema de funcionamento precário, capaz de tirar fotos com baixa definição e sem cores. Mais tarde com o o surgimento da máquina fotográfica com revelação (Kodak-1888) e a sua evolução para a tecnologia digital e programas de software, muita coisa mudou na composição da imagem. Existem recursos técnicos para melhorar a imagem, corrigir imperfeições e podem trazer bons resultados retratando um indíviduo. Estes programas podem também servir como referência para a pesquisa e o desenvolvimento da obra artística.

Há muitos artistas que fazem ''portraits'', pintando, desenhando, fotografando ou digitalizando a imagem e obtem registros muito bacanas de uma memória no tempo. A interpretação da imagem do outro e de si mesmo podem ser o conceito de uma obra.
A artista mexicana Frida Kahlo, passou sua vida se auto-retratando e é um exemplo típico de um ''portrait'' na arte. Ela conceitualizava sua obra dentro de um contexto, onde a figuração era seu próprio ''eu''.

''Portrait'' ou retrato, atualmente na arte contemporânea assumiu uma conotação ampla, em função da tecnologia impregada, pois o artista atualmente pode integrar outros tipos de midias para obter o resultado final de sua imagem. E voce não precisa ser um artista para criar imagens inusitadas. Veja os milhares de blogs e redes sociais que estão espalhados na web, para comprovarem isto. Há também a banalização da imagem, mas há muita coisa boa para ser vista e analisada.
O '' portrait '' sob o ponto de vista da arte, tem uma linguagem como expressão que tenta integrar a atmosfera lúdica e bastante subjetiva de alguém ou de si mesmo. Para assim chamá-lo, não deve ser confudido com uma mera caricatura ou interpretação banal da imagem de um indíviduo, pois há uma distinção muito subjetiva na composição, na forma ou no desenho em si.

A ''caricatura'' como termo simplista na arte, exagera na proporção e tende equacionar uma forma e um desenho que logo lembra ou define o perfil de alguém. Ela enfatiza um detalhe de uma pessoa, exagerando-o como imagem. Geralmente ela pode funcionar de maneira ilustrativa com um teor cômico. Dependendo da composição que o artista possa dar em seu trabalho, ela pode se tornar um '' belo portrait'', assumindo um contexto de composição lúdica e poética.
O ''portrait'' como categoria na arte, geralmente usa a imagem de maneira purista e pode transformar alguns detalhes na composição, com recursos através de cores, formas, linhas, texturas e fantasia, que podem acentuar a imagem do indíviduo retratado.

Existem artistas que pintam portraits de maneira hiperealista, enfatizando fotográficamente a imagem de alguém e outros que criam técnicamente fotografias interessantes.

Embora na arte, possamos definir que a transformação da imagem passa por processos diferenciados em categorias, a questão do portrait e dos ''portraits modernos'', nada mais são do que a junção muitas vezes de diversos tipos de técnicas ou mídias, que sugerem o caminho artístico na interpretação do trabalho.

Em 1986, Andy Warhol fez um auto-retrato (self-portrait) um ano antes de sua morte. Ele usou imagens fotográficas de si mesmo, usando uma peruca de cabelo artificial e imprimiu em silk-screen em uma tela de 6 metros quadrados. O resultado são grandes cabeças, num jogo em rosa e amarelo contra um brilhante fundo preto denso.

Warhol disse na época, que estava profundamente superficial na imagem e que não havia absolutamente nada por trás do seu trabalho histórico. Independente da sua subjetividade, é óbvio que o seu auto-retrato era um ''portrait moderno'' e ele estigmatizava a idéia da transformação pictórica, usando inteligentemente um recurso gráfico (no caso a serigrafia) de maneira racional.

É importante salientar que o ''portrait '' assimila identificações que podem transitar entre a descontrução, a fantasia e uma composição diferenciada de elementos que irão simbolizar a obra artística.
Abaixo resolvi postar alguns ''portraits'' para ilustrar como as coisas se processam. Dá uma olhada.

(Auto-retrato de Van Gogh)

(Auto-retrato da pintora mexicana Frida Kahlo, que passou sua vida de maneira existencial, usando sua própria imagem para reforçar conceitualmente sua obra)

(O gigantesco self-portrait de 6 metros quadrados de Ady Wahrol. Ele é um dos mais famosos artistas que fizeram ''pop portraits'' de artistas e celebridades)

( Portrait de John Lennon pintado pelo artista de Florianópolis Luciano Martins. Ele usa de maneira lúdica um traço que lhe é característico, para acentuar a idéia de seu personagem)
http://www.lucianomartins.com/

(Portrait de Heverton Ribeiro e Gabriela Berreta pintado pelo artista de Florianópolis, Paulo Govêa. Ele usa do grafitti e desvirtua a imagem, interpretando-a sempre com grandes cabeças, a qual já é a marca característica na figuração de seu trabalho).

http://www.paulogovea.com/

( Sel-portrait elaborado pelo fotógrafo Giba Duarte, que reside em Florianópolis.

(Acima estão os portraits de Paul Mcarthney e Amy Whinehouse que funcionam como belas ilustrações, feitas por Zé Otavio, um brilhante ilustrador paulista)

www.zehotavio.com

(Portrait do pintor Hugo Rubilar, feito pela sua esposa a pintora Sol Jaras, ambos chilenos residentes em Florianópolis)

(Self-portraits da jovem fotógrafa Carol Stiler. Ela é de Brasília e se autofotografa em diversas situações e tem uma página super bacana no Flickr)

(Portrait de Patrícia Rizzo, pintado pela artista catarinense Thaís Zumblick. Ela reside há anos em Buenos Aires e tem uma brilhante carreira internacional. Uma das caracteristícas de sua obra é a figuração contemporânea)

(A obra do artista recifense Gil Vicente, onde ele se auto-retrata asassinando o ex-presidente do Brasil. A obra esteve exposta na última Bienal de São Paulo e criou muita polêmica)