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segunda-feira, 14 de março de 2011

A PINTURA MURAL E O MURALISMO MEXICANO

Sempre ouvimos falar e apreciar a pintura mural e as manifestaçãoes do graffite  como expressão artística no mundo contemporâneo. Nos grandes centros urbanos e aqui na cidade,  a manifestação da pintura em muros e paredes pode ser observada com mensagens poéticas, ironia e transgressão.
Dentro deste contexto, tenho identificado várias manifestações no uso de técnicas empregadas por diversos artistas. Pórem o que talvez seja mais importante dentro do universo desta linguagem de comunicação artística, é a expressão da  mensagem contida de maneira pictórica e  que suscite um pensamento evolutivo ou mesmo, um questionamento sobre o mundo.
De efeitos surpreeendentes,  as imagens murais nos atraem, como se deixássemos gravados um tempo de nossa existência, nossos acontecimentos cotidianos  e voltássemos aos primordios do ''homem da caverna'', registrando marcas de vida sobre paredes de pedra.
 Para entender melhor estes significados e processos, achei bacana conectar algumas informações.
A pintura mural difere de todas as formas de arte pictórica por estar profundamente vinculada à arquitetura. Nessa técnica, o emprego da cor e do desenho e o tratamento temático podem alterar radicalmente a percepção das proporções espaciais da construção.
Muralismo é a arte da pintura mural, que engloba o conjunto de obras pictóricas realizadas sobre parede. A técnica de uso mais generalizado é a do afresco, que consiste na aplicação de pigmentos de cores diferentes, diluídos em água, sobre argamassa ainda úmida.

História


A pintura mural tem raízes no instinto primitivo dos povos de decorar seu ambiente e de usar as superfícies das paredes para expressar idéias, emoções e crenças.
Entre os povos mesopotâmicos, egípcios e cretenses, os murais eram empregados para decorar palácios e monumentos funerários.
Também foram cultivados nas civilizações grega e romana, embora destes tenham restado poucos exemplares, entre os quais se destacam os encontrados nas ruínas de Pompéia e Herculano.
A técnica de pintura mural também foi muito empregada na Índia, com brilhantes exemplos como os das cavernas de Ajanta, e na China da dinastia Ming.
A nitidez da cor e a precisão do traçado dos perfis caracterizou a pintura mural da Idade Média e, em especial, a das construções românicas, nas quais costumavam receber afrescos as absides e os painéis laterais das igrejas, com figuras religiosas em atitude hierática.
Manifestações importantes da arte mural românica são as das igrejas de Berzé-en-Ville, na França, de Oberzell e Reichenau, na Alemanha, e de Tarrasa e Tahull, na Espanha.
No século XIII, os trabalhos de Giotto deram extraordinário impulso à pintura mural e, a partir de então, surgiram grandes mestres dessa técnica. No Renascimento, foram criadas algumas obras-primas do muralismo, como os afrescos da capela Sistina, por Michelangelo, e a "Última ceia", de Leonardo da Vinci.
Com o interesse progressivo por tapeçarias e vitrais para uso na decoração de interiores, a pintura mural entrou em decadência no Ocidente. Excetuados os murais pintados por Rubens, Tiepolo, Delacroix e Puvis de Chavannes, houve poucas obras importantes após o Renascimento.
No século XX, no entanto, a pintura mural ressurgiu, com todo vigor, em três fases principais: um gênero mais expressionista e abstrato que surgiu a partir de grupos cubistas e fauvistas, em Paris, e se manifestou nos trabalhos de Picasso, Matisse, Léger, Miró e Chagall; outro que se manifestou a partir do movimento revolucionário mexicano; e um movimento mural de curta duração, na década de 1930, nos Estados Unidos.

Muralismo Mexicano

A tradição milenar da pintura mural, também praticada por algumas culturas pré-colombianas, ressurgiu nas primeiras décadas do século XX no México, coincidente com um movimento revolucionário. Os artistas da época viram no muralismo o melhor caminho para plasmar suas idéias sobre uma arte nacional popular e engajada.
Como manifestação genuinamente nacional, o muralismo mexicano conseguiu produzir profundo impacto no panorama pictórico mundial.
As primeiras obras remontam a 1910, ano em que Gerardo Murillo, conhecido como Doutor Atl, e vários estudantes da Academia de São Carlos organizaram uma exposição de arte e se propuseram decorar com murais o anfiteatro da Escola Preparatória, na Cidade do México. Ao deflagrar-se a revolução, o projeto foi interrompido, mas as bases do movimento artístico já tinham sido assentadas.
Trata-se de uma arte monumental e política, elaborada por artistas combativos, e aberta a todo o povo. Seus cultores pretendiam também revalorizar a cultura pré-hispânica. Essas idéias foram expostas num manifesto redigido em 1921 pelo pintor David Alfaro Siqueiros.
Na mesma época regressava ao México Diego Rivera, que tivera contato direto com a vanguarda artística européia e se impressionara profundamente com os afrescos renascentistas italianos.
A situação política do México e seu acervo histórico pré-colombiano e colonial inspiraram a temática da maioria dos murais. Na maior parte das composições estavam representados indígenas, conquistadores espanhóis, camponeses, operários, políticos e revolucionários.
Siqueiros e Rivera, junto com José Clemente Orozco, dominaram a pintura muralista mexicana. Orozco era o mais manifestamente expressionista dos três e entre seus temas figuram a conquista e a evangelização do país.
A obra de Rivera, o mais conhecido internacionalmente, tem como temas mais freqüentes o indigenismo, a industrialização e a história do México. Siqueiros, o mais revolucionário e inconformista, imprimiu a sua obra uma exaltação da liberdade e um sentido anti-capitalista.

©Encyclopedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.


    (Pintura mural de Diego Rivera)

   (Pintura Mural- c50 ac -Vila dos Mistérios - Pompéia)

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